A História do Duque Inglês Condenado à Morte por Afogamento em um Barril de Vinho
Os anais da história do vinho são vastos e muitas vezes repletos de histórias intrigantes. Uma narrativa que se destaca, misturando nobreza, traição e uma punição incomum, é a do Duque Inglês que foi condenado à morte por afogamento em um barril de vinho. Neste artigo, vamos explorar os detalhes dessa história sombria que tem como pano de fundo o universo dos vinhos.
O Contexto Histórico:
Na Inglaterra do século XVII, a vida nas cortes reais era regida por intrigas e disputas de poder. O Duque em questão, George Plantageneta, duque de Clarence, foi uma figura controvertida em um período conturbado da história da Inglaterra: a Guerra das Rosas, em meados do século XV.
Na época, o trono de Henrique VI era questionado, o que gerou uma disputa intensa entre dois ramos famílias da nobreza que queriam assumir o reinado, a casa de York e a casa de Lancaster.
George nasceu em 21 de outubro de 1449 em Dublin. Seu pai, Ricardo, foi o terceiro duque de York. Ele contestava a coroa de Henrique VI e chegou a ser declarado herdeiro do trono. George era o segundo dos três filhos de Ricardo e Cecília que sobreviveram à infância e se tornaram potenciais pretendentes à coroa. Seu pai morreu na Batalha de Wakefield em 30 de dezembro de 1460 e ele e o irmão mais novo Ricardo (mais tarde Ricardo III) foram enviados para o exílio na Borgonha.
Mas em 1461, Richard Neville, conde de Warwick, primo-irmão de George, conquistou Londres e depôs Henrique VI. Assim, o irmão mais velho de George, Eduardo, tornou-se rei da Inglaterra sobre o nome de Eduardo IV, o primeiro da linhagem de York, e George foi feito duque de Clarence, retornando ao país. Eduardo tinha apenas 18 anos e George 11 – ou seja, era seu herdeiro direto, já que o irmão ainda não tinha filhos.
Pretensões reais:
Diz-se que George cresceu sempre tentado a assumir o reino de seu irmão e isso acabou levando-o a uma rebelião. Apesar de ter ajudado Eduardo a chegar ao trono, o conde Warwick não estava satisfeito. Ele não tinha um herdeiro homem, então desejava casar sua filha mais velha, Isabel, com George, na esperança de que um dia isso pudesse levar sua família ao trono. Eduardo se recusou a permitir o casamento e Warwick providenciou uma dispensa papal, assim George e Isabel se casaram em 11 de julho de 1469 em Calais.
George então juntou-se a Warwick em uma rebelião aberta. Eles conseguiram capturar Eduardo e mantê-lo prisioneiro por um tempo. Mas acabaram derrotados e exilados na França. Lá, o conde e o duque, ambos da casa de York, fizeram um pacto com a casa rival, os Lancaster, para restaurar Henrique VI.
Quando Henrique foi reintegrado ao trono, George percebeu que havia caído em uma cilada ao apoiar Warwick, pois deixou de entrar na linha sucessória do trono inglês. Sendo assim, ele voltou a apoiar seus irmãos, ajudando-os a reconquistar a coroa para a casa de York. Com Warwick morto na batalha de Barnet em abril de 1471, o rei Eduardo IV foi reinstaurado e seu irmão, duque de Clarence, tornou-se o Great Chamberlain da Inglaterra.
O Crime e a Condenação:
A esposa de George, Isabel, morreu em 22 de dezembro de 1476. Diz-se que enlouquecido, ele mandou prender, julgar e executar uma de suas damas de companhia por teoricamente envenenar a esposa.
Provavelmente fora de seu juízo, ele se envolveu em questões judiciais controversas e, acredita-se, em outra conspiração contra o rei. Eduardo, então, cansado de lidar com o irmão mandou prendê-lo na Torre de Londres.
George foi julgado por traição pelo parlamento em janeiro de 1478. Assim, em 18 de fevereiro de 1478, aos 28 anos, o duque de Clarence, irmão do rei da Inglaterra, foi executado. A pena teria sido afogamento em um tanque com vinho Malmsey (Malvasia).
Há quem afirme que isso ocorreu a seu pedido, já que ele foi autorizado a escolher a forma de sua execução, um privilégio devido à sua posição social.
Outros dizem que Eduardo pode ter optado por esse método para evitar derramamento de sangue real, ou então que George pode tê-lo escolhido também para zombar da reputação de seu irmão de beber demasiadamente. Como não foi uma execução pública (também devido à posição social do duque), não se sabe exatamente como foram as circunstâncias, mas as lendas sobreviveram.
Conclusão:
A história do Duque Inglês condenado à morte por afogamento em um barril de vinho permanece como um capítulo sombrio e misterioso na interseção entre a nobreza e o mundo do vinho. Esses eventos do passado não apenas oferecem uma visão fascinante da complexa dinâmica política da época, mas também destacam como o vinho, muitas vezes associado à celebração e prazer, pode ser transformado em instrumento de castigo. Ao brindarmos aos tempos modernos, devemos lembrar que por trás de cada garrafa de vinho, há histórias intrigantes que aguardam ser desvendadas.